quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Descodificando o código


Após a descoberta da existência de uma relação entre a sequên­cia de nucleótidos do RNA mensageiro e a sequência de aminoácidos na cadeia polipeptídica, os cientistas admitiram que, decifrando o códi­go do m RNA, ficaria igualmente decifrado o código do DNA.
A decifração do código genético foi feita progressivamente a par­tir de sínteses do RNA mensageiro.
No início dos anos 60, um bioquímico americano, Severo Ochoa, e um biólogo francês, M. Grunberg-Manago, conseguiram isolar a enzima que catalisa a formação do m RNA — a RNA-polimerase.
Utilizando esta enzima, Marshall Niremberg e J. Heinrich Malhei sintetizaram uma molécula de RNA formada unicamente por nucleótidos de uracilo (RNA-poli U). Ao adicionarem este «falso» m RNA a um extracto bacteriano contendo todos os componentes necessários à síntese proteica, verificaram que o polipéptido formado era constituído apenas por um tipo de aminoácidos — a fenilalanina.

Tal evidência levou Niremberg a considerar que tinha descoberto o processo de decifrar o código genético, já que o tripleto UUU do m RNA (AAA no DNA) deveria significar fenilalanina na linguagem do código genético.


Utilizando uma técnica semelhante com outras moléculas de m RNA, igualmente sintetizadas em laboratório, foi demonstrado que o tripleto AAA especifica o aminoácido lisina e que o tripleto CCC codi­fica o aminoácido prolina.
Na sequência das experiências de Niremberg e no sentido de aprofundar a decifração do código genético, H. Gobind Khorana sinteti­zou moléculas de m RNA mais complexas. Essas moléculas eram consti­tuídas por uma sequência de nucleótidos com dois tipos de bases azotadas, em alternância, como por exemplo: ACACACACA... A cadeia polipeptídica sintetizada com este m RNA era formada por dois tipos de aminoácidos: treonina e histidina.
Os resultados obtidos por Khorana permitiram concluir que dife­rentes combinações de três nucleótidos do mRNA (por exemplo, AÇA ou CAC) codificam diferentes aminoácidos; além disso, vieram confir­mar que o código genético é sequenciado e que a sua leitura pode, teo­ricamente, iniciar-se em qualquer ponto.


Um outro tipo de experiências, desenvolvidas por Niremberg e seus colaboradores, que se revelaram de extrema importância na deci­fração total do código genético, tiveram como base a observação de que bastava uma sequência de três nucleótidos de m RNA para que um outro RNA transportador de um determinado aminoácido (t RNA) se li­gasse ao ribossoma. Com base nesta evidência e utilizando extractos de Escherichia coli a que adicionaram tripletos de mRNA e os tRNA liga­dos a aminoácidos específicos, identificaram o aminoácido que corres­pondia a cada tripleto de m RNA.
Todos estes, e outros trabalhos, permitiram que, no início da dé­cada de 60, o código genético estivesse decifrado e fossem conhecidas as suas características.

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