Após a descoberta da existência de uma relação entre a sequência de nucleótidos do RNA mensageiro e a sequência de aminoácidos na cadeia polipeptídica, os cientistas admitiram que, decifrando o código do m RNA, ficaria igualmente decifrado o código do DNA.
A decifração do código genético foi feita progressivamente a partir de sínteses do RNA mensageiro.
No início dos anos 60, um bioquímico americano, Severo Ochoa, e um biólogo francês, M. Grunberg-Manago, conseguiram isolar a enzima que catalisa a formação do m RNA — a RNA-polimerase.
Utilizando esta enzima, Marshall Niremberg e J. Heinrich Malhei sintetizaram uma molécula de RNA formada unicamente por nucleótidos de uracilo (RNA-poli U). Ao adicionarem este «falso» m RNA a um extracto bacteriano contendo todos os componentes necessários à síntese proteica, verificaram que o polipéptido formado era constituído apenas por um tipo de aminoácidos — a fenilalanina.
Tal evidência levou Niremberg a considerar que tinha descoberto o processo de decifrar o código genético, já que o tripleto UUU do m RNA (AAA no DNA) deveria significar fenilalanina na linguagem do código genético.
Utilizando uma técnica semelhante com outras moléculas de m RNA, igualmente sintetizadas em laboratório, foi demonstrado que o tripleto AAA especifica o aminoácido lisina e que o tripleto CCC codifica o aminoácido prolina.
Na sequência das experiências de Niremberg e no sentido de aprofundar a decifração do código genético, H. Gobind Khorana sintetizou moléculas de m RNA mais complexas. Essas moléculas eram constituídas por uma sequência de nucleótidos com dois tipos de bases azotadas, em alternância, como por exemplo: ACACACACA... A cadeia polipeptídica sintetizada com este m RNA era formada por dois tipos de aminoácidos: treonina e histidina.
Os resultados obtidos por Khorana permitiram concluir que diferentes combinações de três nucleótidos do mRNA (por exemplo, AÇA ou CAC) codificam diferentes aminoácidos; além disso, vieram confirmar que o código genético é sequenciado e que a sua leitura pode, teoricamente, iniciar-se em qualquer ponto.
Um outr o tipo de experiências, desenvolvidas por Niremberg e seus colaboradores, que se revelaram de extrema importância na decifração total do código genético, tiveram como base a observação de que bastava uma sequência de três nucleótidos de m RNA para que um outro RNA transportador de um determinado aminoácido (t RNA) se ligasse ao ribossoma. Com base nesta evidência e utilizando extractos de Escherichia coli a que adicionaram tripletos de mRNA e os tRNA ligados a aminoácidos específicos, identificaram o aminoácido que correspondia a cada tripleto de m RNA.
Todos estes, e outros trabalhos, permitiram que, no início da década de 60, o código genético estivesse decifrado e fossem conhecidas as suas características.
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