quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Zonas Costeiras


A maioria da população mundial concentra-se nas zonas costeiras dos conti­nentes. Em Portugal, que possui uma grande extensão de costa (cerca de 900 km), é no litoral que se verifica a maior densidade populacional e que se localizam as principais cidades.

A faixa litoral é a zona de transição do continente para o oceano. Nessa transição, é possível distinguir:
  • Arribas - costas altas e escarpadas, constituídas por material rochoso consoli­dado e com escassa cobertura vegetal;
  • Praias - zonas baixas onde ocorre a acumulação de sedimentos, de dimensões variadas, a grande maioria dos quais de origem fluvial. Em algumas praias, exis­tem dunas litorais.
A faixa litoral, em especial as arribas, sofre fenómenos de abrasão marinha, que é o desgaste provocado pelo rebentamento das ondas nas rochas. A abra­são marinha é particularmente intensa, quando as ondas transportam partícu­las que são atiradas contra as rochas.
Na base das arribas, existem, por vezes, plataformas de abrasão, que são
superfícies relativamente planas e próximas do nível do mar onde se encon­tram sedimentos de grandes dimensões que resultam do desmoronamento das arribas.

O litoral é uma zona dinâmica que evolui naturalmente, modificando-se. A evolução do litoral é, actualmente, condicionada por factores antrópicos, para além dos factores naturais. Algumas das causas antrópicas que afectam a evolução do litoral são as seguintes:

  • ocupação da faixa litoral com construções (habitações, empreendimentos turísticos, zonas de lazer e outras);
  • diminuição da quantidade de sedimentos, devido à construção de barra­gens e/ou exploração de inertes nos rios;
  • destruição de defesas naturais, como dunas e vegetação costeira.
Em Portugal, a linha de costa está a recuar em praticamente toda a sua extensão, ameaçando construções, colocando em risco a vida e os bens das populações e provocando desequilíbrios nos ecossistemas.

A erosão do litoral pode ser combatida pelas seguintes medidas:
  • construção de obras de engenharia, como paredões, esporões e quebra-mares;
  • estabilização de arribas;
  • alimentação artificial das praias com inertes;
  • recuperação de dunas.
Na costa portuguesa, têm sido construídos numerosos paredões, esporões e quebra-mares. No entanto, a protec­ção conferida por estas estruturas é limitada no tempo e no espaço, uma vez que se verifica a acumulação de sedimen­tos transportados pelo mar num dos lados da estrutura e a sua erosão do lado oposto. Outras medidas, como a alimen­tação artificial contínua das praias e a recuperação das dunas, permitem uma protecção mais eficaz e prolongada.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Acção geológica de um rio

Ao longo dos cursos de um rio ocorre um triplo trabalho geológico, que com­preende a erosão, o transporte e a deposição.
 
Erosão  - Este fenómeno é provocado pela remoção de materiais do leito e das margens. A erosão pode resultar da acção hidráulica, isto é, da pres­são que a água em movimento exerce sobre o leito e as margens. A erosão pode também resultar do desgaste mecânico provocado pelos materiais arrastados pela corrente, que chocam com o leito e as margens. Desta forma de erosão podem resultar formas características no leito designadas por marmitas de gigante.
Transporte - Após a sua remoção do leito e das margens, os detritos são transporta­dos. Se forem partículas finas a muito finas são transportadas em solu­ção ou suspensão. Se as partículas são mais grosseiras, então são trans­portadas sobre o leito por saltação, rolamento ou por arrastamento.
Deposição - Consiste na acumulação dos detritos no leito e nas margens de um rio.

Ao longo do curso de um rio realizam-se simultaneamente os três tipos de acção geo­lógica, embora, de uma forma selectiva, predomine um ou outro tipo.
A intensidade de erosão provocada pela carga sólida do rio depende da quantidade de detritos transportados e da sua competência. A quantidade de detritos transportados está relacionada com a velocidade da corrente.

A velocidade da corrente necessária para colocar um determinado detrito em movimento - erosão - é maior do que aquela que é necessária para o manter em movimento - transporte. A competência de um rio diz res­peito à sua capacidade para transportar carga sólida. A competência é avaliada em ter­mos da partícula sólida de diâmetro máximo que pode ser posta em movimento no leito de um rio. No diagrama da figura (diagrama de Hjulström) estão representadas curvas experimentais que tentam explicar a influência da velocidade da corrente e da dimensão dos materiais nos fenómenos de erosão, de transporte e de sedimentação.



É frequente, com base no diagrama de Hjulström, a realização de exercícios sobre as condições em que se verifica erosão, transporte e sedimentação, tendo em conside­ração a velocidade da corrente e a dimensão das partículas.

Alguns dados interessantes que podemos retirar da análise do Diagrama de Hjulström:
1) As partículas mais fáceis de remover são as que  apresentam dimensões compreendidas entre os 0,2 e os 0,3mm, na medida em que basta uma velocidade de cerca de 20cm/s para as deslocar da sua posição de repouso - ver local indicado pela seta.
2) As partículas com dimensões inferiores a 0,01 mm apresentam uma grande força de coesão, pelo que oferecem uma considerável resistência à fricção e, portanto, somente são erodidas para velocidades superiores. Este fenómeno é conhecido pelo efeito Hjulström.