As relações simbióticas e o consequente aparecimento de células eucarióticas terão tornado mais fácil a sobrevivência dos organismos nessa fase da história da Terra. Por outro lado, as condições ambientais também se terão tornado diferentes e mais propícias à existência de vida.
Assim sendo, ter-se-ão reunido condições para o desenvolvimento das células eucarióticas então formadas, e um aumento de dimensões terá sido uma consequência inevitável. No entanto, quando o tamanho da célula aumenta, a relação da sua área superficial com o seu volume diminui, porque a superfície não aumenta ao mesmo ritmo que o volume, não existindo compensação.
O bom funcionamento da célula depende do seu metabolismo, e este conjunto de fenómenos está inteiramente dependente das trocas com o meio extracelular (entrada de substâncias necessárias, por exemplo, nutrientes e oxigénio, e eliminação de substâncias de excreção, como o dióxido de carbono). Assim, a relação entre a área superficial da célula e o seu volume não pode diminuir sem pôr em risco o seu equilíbrio.
Esta deve ter sido a razão pela qual, em determinada altura, as células eucarióticas começaram a sofrer divisão. Numa fase inicial, ter-se-ão formado colónias — grupos de células que, após divisão celular, permanecem juntas.
A divisão celular está relacionada com a necessidade de equilíbrio na razão área/volume.
Mas a verdadeira multicelularidade não se limita ao facto de existir um número de células agrupadas; é necessário que ocorra uma dependência funcional entre estas.
A existência, ainda hoje, de seres vivos cujas células eucarióticas mantêm uma relação colonial veio ajudar a perceber a origem dos seres multicelulares.
Em algumas destas colónias, embora ainda não exista diferenciação celular nem formação de tecidos, há uma distribuição de tarefas, o que implica a especialização de diversos grupos de células em diferentes funções e a coordenação destas actividades.
A colónia de Volvox é formada por um conjunto de células envolto por uma camada de cerca de mil outras células biflagela-das.
A reprodução assexuada, ou mesmo sexuada, está reservada a alguns grupos de células.
Provavelmente, estes seres coloniais deram origem aos verdadeiros seres multicelulares, por especialização crescente das suas células. Estes primeiros seres multicelulares terão surgido há cerca de mil milhões de anos, de acordo com os registos fósseis.
Nem todos os seres multicelulares apresentam diferenciação celular; muitos deles apresentam conjuntos de células especializadas que se organizam em tecidos e estes em órgãos cuja associação em sistemas dá origem ao organismo.
Com a multicelularidade, os seres vivos conseguiram resolver o problema que anteriormente foi equacionado, nomeadamente:
Com a multicelularidade, os seres vivos conseguiram resolver o problema que anteriormente foi equacionado, nomeadamente:
ü o aumento de dimensões com a conservação do equilíbrio da relação área/volume;
ü a manutenção da área necessária e suficiente para as trocas com o meio;
ü a diminuição da taxa metabólica (quantidade de energia necessária para manter o organismo) e o incremento da diversidade.
No entanto, desde o aparecimento dos seres multicelulares até à grande diversidade de seres vivos que existe actualmente decorreu um longo período de tempo durante o qual se desenrolaram inúmeros processos, que constituem os mecanismos da evolução.
A maioria dos seres multicelulares apresenta uma especialização tão elevada, que se pode falar em diferenciação celular.
Sem comentários:
Enviar um comentário