quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Bodelha, uma alga comum nas nossas praias

A bodelha é uma alga castanha perten­cente ao género Fucus — filo Feófitas —que vive em água salgada e se encontra em abundância ao longo das costas rocho­sas da Europa, Ásia e América do Norte, formando maciços muito escorregadios.

A bodelha fixa-se aos rochedos por um disco de fixação, a que está ligada a por­ção do talo dividida dicotomicamente. Esta porção, em forma de faixas achatadas, é vis­cosa, apresentando uma nervura média bem visível, sem vasos condutores. Podemnotar-se pequenas bolsas, cheias de ar, que funcionam como flutuadores, mantendo o talo levantado quando submerso. Um pe­queno fragmento de bodelha, observado ao microscópio, mostra-se constituído por finas células densamente entrecruzadas.


Reprodução sexuada

Na época da reprodução aparecem na extremidades do talo umas dilatações rugosas denominadas receptáculos.  

Nestes receptáculos encontram-se cavidades  especiais, denominadas conceptáculo, que resultam da divisão de uma célula superficial do receptáculo que origina uma camada fértil que limita uma cavidade. O conceptáculo ma­duro  é  globoso  e  tem  uma  abertura - ostíolo.
As células da camada fértil origi­nam gametângios masculinos e gametângios femininos, no mesmo conceptáculo ou em conceptáculos distintos, conforme a es­pécie, e filamentos estéreis, denominados paráfises.


O gametângio feminino, uni­celular, denomina-se oogónio. O seu núcleo inicial sofre uma meiose e os quatro núcleos resultantes por mitose originam oito nú­cleos. O citoplasma divide-se e cada por­ção rodeia um núcleo, originando-se, assim, oito oosferas, haplóides e uninucleadas.

O gametângio masculino denomina-se anterídio. O seu núcleo primi­tivo sofre uma meiose e os quatro núcleos resultantes sofrem divisões mitóticas suces­sivas até se formarem 64 núcleos. O citoplasma divide-se, e cada porção ro­deia um núcleo, formando-se assim 64 anterozóides haplóides, que são biflagelados.

A união dos gâmetas — oosferas e anterozóides — é externa, sendo a sua expulsão dos conceptáculos feita através do ostíolo, quando a bodelha está submersa.
Os anterozóides, arrastados pela água do mar, nadam até serem atraídos pelas oos­feras, que rodeiam imprimindo-lhes com os seus flagelos um rápido movimento de rotação. Geralmente, só um anterozóide penetra na oosfera. Desta fecundação resul­ta um ovo ou zigoto, diplóide, que, envolvido por uma membrana gelatinosa, se fixa a qualquer suporte no local onde se tenha depositado. Da segmentação do ovo ou zigoto resulta uma nova bodelha.

Na fecundação verifica-se heterogamia não só fisiológica mas também morfológica, pois os gâmetas são diferentes. Tal facto representa, em relação à isogamia, um passo evolutivo. Verifica-se em todas as plantas de organização superior. Apresenta alternância de fases nuclea­res; a haplófase está reduzida aos gâmetas e a diplófase é constituída pelas outras entidades, que são diplóides — ser diplonte.
Segundo alguns autores (por ex., Strasburger), também a alternância de gerações deve ser considerada na bodelha: a geração esporófita corresponde ao indivíduo adul­to; a geração gametófita está representada pelas células que resultam directamente da divisão do oogónio e do anterí­dio, que deverão ser consideradas esporos, e por todas as que resultam da divisão des­tas até aos gâmetas, inclusive.
Assim, o oogónio e os anterídios funcionariam, pri­meiro, como esporângios e, na fase final, como gametângios.

A reprodução sexuada da bodelha é semelhante à dos organismos animais, sendo o indivíduo adulto diplóide e só os gâmetas haplóides.

Ciclo de Vida Completo (clique para ampliar)

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