terça-feira, 21 de setembro de 2010

A mais bela experiência em Biologia

A hipótese de Watson e Crick de que a du­plicação do DNA é semiconservativa foi compro­vada numa experiência clássica, realizada em 1958 pelos investigadores norte-americanos Matthew Stanley Meselson e Franklin William Stahl. Nessa experiência utili­zou-se uma técnica de centrifugação então recém-descoberta, que permite separar moléculas com densidades ligeiramente diferentes entre si.

Meselson e Stahl partiram do pressuposto de que moléculas de DNA contendo proporções dife­rentes de isótopos do elemento Azoto/nitrogénio, pesa­do (15N) e leve (14N), poderiam ser separadas por meio da técnica de centrifugação conhecida como centrifugação em gradiente de cloreto de césio. Os investigadores deixaram que bactérias da espécie Escherichia coli se multiplicassem num meio de cultura em que todos os átomos dis­poníveis de azoto, na forma de sais de amónia, eram do isótopo 15N.

Após 14 gerações vi­vendo nesse meio, praticamente todo o DNA das bactérias continha apenas o isótopo 15N, uma vez que as bactérias utilizam as substâncias do meio para produzir os componentes de suas células, in­clusive as bases azotadas do seu DNA.

Uma parte das bactérias foi separada e teve seu DNA extraído para análise. As bactérias res­tantes foram transferidas para um novo meio de cultura em que a fonte de azoto continha ape­nas átomos do isótopo leve (14N) desse elemento químico. Assim, todas as substâncias azotadas produzidas pelas células a partir desse momento, entre elas o DNA, passaram a conter átomos des­se isótopo.
Após as bactérias terem se duplicado uma pri­meira vez, no meio com 14N, Meselson e Stahl reti­raram parte delas para a análise do DNA. As bacté­rias restantes multiplicaram-se novamente no meio com 14N e uma nova amostra foi retirada. Esse pro­cedimento foi repetido, originando uma terceira amostra de bactérias.

As diversas amostras de DNA foram subme­tidas a centrifugação e as densidades das molécu­las presentes em cada uma delas foram determi­nadas com base na posição em que o DNA ficou estacionado no tubo de centrifugação. Nesse tipo de centrifugação, a posição em que as moléculas estacionam na solução de cloreto de césio, após a centrifugação, tem relação com sua densidade: moléculas menos densas, no caso com maior quan­tidade de 14N (isótopo leve), ficam mais próximas à superfície da solução, enquanto moléculas mais densas, no caso com maior quantidade de 15N (isótopo pesado), ficam mais próximas do fundo do tubo de centrifugação.

As moléculas de DNA extraídas de bacté­rias cultivadas durante muitas gerações em meio com isótopo de azoto pesado (15N) estacio­naram todas próximas ao fundo do tubo. Após uma geração crescendo em meio com isótopo de azoto leve (14N), todas as moléculas estacio­naram na região mediana do tubo, ou seja, eram menos densas que as que continham apenas 15N. Após duas gerações em meio com 14N, metade das moléculas estacionou na região mediana do tubo e metade estacionou na região superficial do tubo, na posição que seria esperada para moléculas con­tendo apenas 14N. Após três gerações em meio com 14N, 25% das moléculas estacionaram na região me­diana do tubo, enquanto as 75% restantes estacio­naram na região superficial do tubo.

Esse resultado corresponde exactamente ao es­perado para a hipótese de a duplicação do DNA ser semiconservativa.
 As experiências sub­sequentes confirmaram que a duplicação do DNA é um processo semiconservativo.


Fonte : Biologia das Células 1 - Amabis e Martho. Moderna

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